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O quanto Elon Musk vai presidir os EUA?

Digi & Tal, Por George Soares, Jornalista

Em 12/02/2025 às 09:24:00
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Recentemente, temos acompanhado uma transformação inquietante no governo federal dos Estados Unidos, liderada por Trump e que tem como um de seus funcionários Elon Musk. O bilionário, que já fez história ao assumir o controle do Twitter, agora dá seus primeiros passos na administração pública, remodelando-a de acordo com uma lógica que beira o caótico. Para mim, essa mudança não é apenas uma inovação disruptiva, mas um alerta sobre os perigos da concentração de poder nas mãos de uma única pessoa – e, por extensão, na de uma equipe desprovida de transparência.

Se você tem acompanhado as notícias, não é difícil encontrar manchetes alarmantes sobre o chamado Departamento de Eficiência Governamental (DOGE). O objetivo, supostamente, seria cortar gastos e reduzir o desperdício em todo o aparato estatal. Contudo, o que tem sido implementado vai muito além de uma mera reforma administrativa. Musk e sua equipe já conseguiram acesso irrestrito ao sistema de pagamentos do Departamento do Tesouro, congelaram programas essenciais de ajuda externa e estão, literalmente, bloqueando partes inteiras da força de trabalho federal – impedindo o acesso a prédios, por exemplo.

Essa abordagem remete, de forma perturbadora, ao estilo “choque e pavor” que vimos em administrações anteriores, mas agora aplicada em escala governamental. É como se, a cada movimento, a sensação predominante fosse: “Musk se move, quebra tudo e ninguém consegue acompanhar”. E, enquanto muitos de nós ainda tentam entender as mudanças, o DOGE opera impiedosamente, inclusive nos horários em que a maioria do governo já estaria dormindo.

Um dos pontos mais preocupantes dessa nova administração é a absoluta falta de transparência. Em um sistema que deveria ser pautado pela responsabilidade e pelo controle democrático, o DOGE atua quase como uma “caixa-preta”. Recentemente, quando a Wired divulgou os nomes de alguns funcionários do departamento, a reação foi imediata – a nova direita no Vale do Silício denunciou o que chamou de “doxxing”. Contudo, o que realmente deveria preocupar a todos nós é o fato de que essas informações básicas, como histórico profissional e funções, continuam sendo mantidas longe do escrutínio público.

Essa opacidade não apenas fragiliza os mecanismos de responsabilidade, mas também abre espaço para práticas possivelmente ilegais. Já existem dezenas de processos contestando desde a redução drástica do quadro de pessoal até o congelamento de financiamentos e o acesso indevido a dados confidenciais. A longo prazo, essas medidas podem trazer danos irreversíveis a instituições que sempre consideramos estáveis e resilientes.

É impossível ignorar a lógica que parece permear cada ação dessa nova “administração Musk”: a eficiência a qualquer custo. A ideia de cortar gastos e eliminar o supérfluo pode soar atraente à primeira vista, mas a que preço? Quando o objetivo se torna a remodelação do governo à imagem de uma rede social, a verdadeira governança – aquela baseada na deliberação, na transparência e no respeito às leis – dá lugar a uma espécie de “gestão relâmpago”, onde o imprevisível e o arbitrário se tornam a norma.

E isso nos leva a uma reflexão crucial: é esse o futuro que queremos? Deixar que a influência do dinheiro e da personalidade de um único indivíduo ultrapasse os limites do poder coletivo e democrático? Quando bilionários como Jeff Bezos, Mark Zuckerberg e, agora, Elon Musk, passam a moldar as estruturas do Estado conforme seus próprios interesses, corremos o risco de ver nossos pilares democráticos serem corroídos por uma lógica que valoriza mais a velocidade e o espetáculo do que a justiça e a responsabilidade.

A pergunta que não quer calar é: até onde estamos dispostos a permitir que o poder do dinheiro e da influência sobrepuje os valores que deveriam guiar a administração pública? Se a resposta for “a eficiência a qualquer custo”, talvez estejamos caminhando para um futuro onde a anarquia se disfarça de inovação – e onde o verdadeiro preço a pagar será a nossa própria democracia.

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